sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Alice n° 1

Certain Street, 14:32, uma velha mania de caminhar ao longo daquela rua. A rua em que se encontra diariamente "depositada" a quase inerte Frota-Tiê. Trinta e oito carros sintonizados na única rádio da cidade, que deliberadamente anunciava uma série de coisas nada importantes pra ele.

Alice ouvia todos os dias as músicas, propagandas, anúncios e tudo o mais que acontecia na rádio. Mas não simplesmente ouvia, pois isso faria em casa, ele ouvia a rádio com falhas periódicas. E um grande, complexo e suave prazer lhe era concedido aos ouvidos quando ouvia o som abafado dos auto-falantes dos táxis, interrompidos por passos dados em uma vaga onde carro nenhum estava estacionado, lhe permitindo sorver ondas sonoras como uma erupção de sensações maravilhosas.

Não eram simples buzinas, ruídos, meados de conversas alheias, gorjeio de pombas, coisas fúteis. Cada som lhe trazia paz de uma forma grandiosa e única, e por isso, naquela rua, ele caminhava todos os dias.

domingo, 16 de novembro de 2008

Se se vive sonhando, não se vive.

A conquista palpável, saborosíssima, nas mãos, é tão incrível, que um sonho, mero sonho, por mais gostoso que seja, jamais transporia a sensação física de, por exemplo, comprar e dirigir um carro. Sonhar é ótimo, qual quer pessoa já se pegou sonhando acordado ao menos uma vez, mas sonhar é fácil demais. Qual quer um pode sonhar tudo, qual quer um pode sonhar com um beijo, no entanto, conquistar e principalmente beijar, sem dúvida nenhuma, é imensuravelmente mais prazeroso que um sonho.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Outro Platônico

ele é do tipo que não faz ar nenhum
não quer chamar a atenção, mas tem um charme inenarrável
tem a pele alva, da cor dos envergonhados
e os olhos maudosos porém doces

eu sonho em deixar rosadas aquelas brancas faces
com uma meia dúzia de besteiras sussurradas no ouvido dele
e olhar bem de pertinho seus olhos venenosos, generosos
brilhantes ao me ter por perto, exprimindo o aconchego que te proporcionaria

ah, se te pego
lambo teu corpo e me deleito na tua barba
me perco na tua pele e pêlos entre tuas pernas

e sinto a pontinha do teu nariz tocar minha nuca
o dono da forma mais graciosa e delicada que já vi
ofegando em meu pescoço, como se urrasse de prazer singelamente

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Efêmero Eterno

é como se eu já estivesse morto
(em uma tentativa frustrada você conseguiu me matar)
sem rasgar minha pele
sem uma gota de sangue sequer

era pra você estar em paz agora
pisando nas nuvens lilás-amora
num sono profundo e tranquilo
deixando, contudo, aquilo

a vida vadia e bêbada
sem que ninguém percebesse
o quanto és vazio por dentro

aquele que mais tentou fazer você sorrir
não passaria de um cadáver em suas mãos
outro cadáver

como daqueles que sonharam tão alto
e acabaram caindo de seus sonhos

eu queria o melhor pra você
e sabia, só eu te escutava
teimei não querendo fazer
mas matando-o tudo acabava

rasgando seu peito no meio
a dor da sua vida eu findava
não fosse eu, tu, um receio
e o amor que a gente se amava

você me conhece de mais
e sabe cada ponto fraco
sabe o pior e o melhor jeito
de me deixar a seus pés

ainda assim
quis ver meu sangue lavar suas mãos
quis ver meu sangue

embora eu te amasse comigo
sozinho seria igual
e não me faltava coragem
nas mãos eu tomei um punhal

é como se eu já estivesse morto
(em uma tentativa frustrada você conseguiu me matar)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Esquizofrenia, reflexo e reflexão.

A histeria ferve em seus ossos exacerbadamente.. Você já percebe que não tem como fujir do círculo vicioso que é tentar desvendar a vida ao invés de vive-la. E cai no buraco da autofobia, corroendo e corroendo seu corpo e mente, mais que nunca.
É tão certa essa autodestruição corpórea, já tão visível, que ela se torna logicamente inevitável. Já a mente, permanece aparentemente intacta.

Nenhum espelho atual é como qual quer anterior
nenhum é como o que virá
já me vi em muitos reflexos
e a única semelhança entre eles é o pranto que nunca acaba
o tempo rasga meu corpo devagar como duas laminas no papel
e eu assisto a tudo como um filme de fim triste
bom seria se houvesse um fim
mas isso simplesmente não acaba
segundos se tornam dias e dias se tornam anos
e eu sempre me deparo numa moldura diferente
já não sou a mesma pessoa, mas a mente, permanece aparentemente intacta.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Sem Nome.

Vejo sua roupa esfarrapada e banhada em sangue. Seu cérebro
ainda pulsante, ainda cinzento, bem como este dia, bem na minha frente. As
entranhas enroscadas na cortina como murcilhas de porco estiradas ao sol,
alguns ossos parcialmente inteiros e a vesícula intacta espirrando um suco
viscoso e esverdeado. A curta e quase imperceptível sensação de te ter vivo,
logo apagada pelo impacto das suas vísceras esparramadas.
Um dia nublado, chuvoso e tétrico. O dia em que você, meu pequenino,
se explodiu.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Virginia

Hoje, agora, queria olhar nos olhos teus, sempre resplandecentes por tras das lentes dos óculos,
e pegar em tuas mãos, dizer-te o quanto és bonita, e ver tua boca sorridente mais uma vez, minha querida.
Eu lembro
com muito carinho dos nossos abraços demorados e dos beijos demasiadamente calorosos. Um sentia o pulsar do outro enquanto ouviamos música, e tudo isso era muito bom. No entanto eu não sei se sinto saudade. Talvez sim, mas esse sentimento, por ser tão inexplicável, não me permite decifrar.
Queria poder controlar-me por completo, conhecer-me-ie melhor e ordenaria que meu coração te amasse com o tanto de amor que mereces. Se eu pudesse controlá-lo dioria a ele que se apaixonasse por você, mas meu cérebro não consegue comandar meus sentimentos.
Logo, amo-te racionalmente, mas essse amor só nao se concretiza devido ao meu amor por você não acontecer.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

eu e mim

Eu conheço a mim, e conheço você...
Você é cara metade, mas eu, sim, sou inteira
Alguém dentro de mim é mais eu do que eu mesma...
Se o amor nasceu, mim chorou...
Se o mim nasci, eu também
Se o mim nasceu, eu chorei
Se o eu nasci, mim amor
Você se foi para o sempre
E mim ficou com eu mesma
Eu e mim dividimos apenas aquela certeza
Você me queria levar
O
amor que eu sinto por mim mesma
Enfim, eu amo mim
E deu, mim ama eu!
Você é cara metade, mas eu, sim, sou inteira
Alguém dentro de mim é mais eu do que eu mesma...
Porque eu amo mim
E sim, mim ama eu!

domingo, 18 de maio de 2008

glass sex

sexo pra mim é tão transparente
não é feito com o cérebro e não tem ninguem pra pensar algo sobre
bater punheta com ninguem é muito melhor
e sexo com pessoas é passado muito muito antigo.
'sexo é transparente, de silicone e do tamanho, formato e dimensão que eu quero.'
sem você, sem seu amor, e sem nenhuma conservação moral.
eu quero sexo transparente, e posso ter isso,
terei sexo transparente a hora que eu quiser.




sex to me is so glass
doesn't made with a brain
doesn't have nobody to gass

sex sex is so glass
the hand job with no one is so best

sex is so glass
and sex with persons is anciant past

sex to me is so glass
and of course, this is realy better than any moral conservation

I want the glass sex
without you baby
I want the glass sex
without your love
I want the glass sex
and I can have this
I'll have the glass sex
when I want have it


uma música criada inspirada num amigo que não faz sexo com pessoas
e diz que pau de silicone e punheta é melhor que trepar com gente. achei legal e resolvi compor.
ficou fofa. ^^'

sexta série

Quem é aquela menina fechada, que me olha e não quer admitir?
E eu presto atenção nos movimentos dela pra saber qual a intensão do seu olhar.
Eu fico nervoso ao chegar perto, e olho dentro do olho dela esperando fisgar alguma brexa
pra rasgá-la até onde eu possa entrar no mundinho paralelo que ela vive tentando esconder de todo mundo. Seu olhar não me corresponde, mas quando finjo não notá-la, ela me olha e decora meus movimentos, ela foge dos meus olhares, ela finge não notar nada que acontece entre nós. Por que será? Certo dia ela esperou eu chegar bem perto pra nos encostarmos de vagar, e quando isso aconteceu fiquei tão tenso, acho que ela também. Eu não entendo qual sua pretensão, mas tento me aproximar de vagar... Onde isso vai chegar? Vai chegar? É tão estranho.

Gota

Nos teus olhos não vejo mais o mesmo brilho de antigamente..
E o sentimento se sustenta, por força de si próprio..
As vezes você me parte ao meio, e acabo por não enxerga-lo mais, como costumava..
Gota, de suor, de calor, de lágrima, de lástima, de saliva de amor.. Escorre..
Um sorriso ocultado, algo sub-entendido..
Irracionalidade, impercepção mútua,
dor por chegar a hora em que o encanto se dilui na cor da pele, não tocada..
Me perdi num universo homogêneo e impuro,
e esqueci que o amor se faz a dois..

Espelho (o executa-ordens)

triste é alguem que não vive
não vive e nada vê

apenas num conto de fadas
se vive como você

mas mesmo assim amo tanto
inconsciente e incapaz

somente executa comandos
e nem sabe mais o que faz

e sempre eu confio em ti
quando me olha e sorri
o espelho do sorriso alheio
meu amor sem freio

te conto coisas minhas
que não diria pra mais ninguém
brigas e picuinhas
e os velhos reflexos de alguém

seus reflexos
sem deixar
expressar
que me ama
como eu

e me cala
e me fala
do passado delicado
a muito apreciado

e me beija como nunca me beijou
e me ama como nunca me amou
é o selo de tudo que acabou
é o fim de tudo que sobrou

simbolismo fotográfico

E é tão intrigante a situação
de vc nem estar por perto
e eu sentir atração

hoje não te vi
não te vejo há meses
instigado estou aqui
mas penso e digo não
como poderia invadir
teu espaço tão cuidado?
milimerticamente o vi
e sinto teu cheiro
te sinto aqui

vejo suas marcas
suas roupas e CD's
algumas fotos pregadas na janela
imagens, visuais e sensoriais, vitrais, visserais

corpo nu, não palpável
riso cru, não afável
olho azul, impecável

só você não concreto
só, concreto, você não!
e então...?

continuo em questão.

ao morrer de amor

eu ainda lembro de tudo que chorei
de todas as vezes que lagrimas tranquei
seja por quem for sei que as derramei
vezes me arrependi vezes me orgulhei

sem saber por que dores me agonizaram
pós a vontade louca mais lágrimas rolaram
noite a dentro chorando ou até à luz do dia
certas tristesas profundas enquanto amanhecia

da priemeira vez eu sei que chorei por você
mas naquela segunda já nem sabia por que
houve a terceira vez mas aí foi por outra pessoa
e a quarta chorei em silêncio e sinto que foi tudo atoa

meu emocional se acabou como sempre costuma fazer
e meu corpo já não me responde os comandos que tento aprender
agora deixei de ser eu, logo prefiro morrer
mas morte de amor não existe, é o que costumam dizer.