segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Efêmero Eterno

é como se eu já estivesse morto
(em uma tentativa frustrada você conseguiu me matar)
sem rasgar minha pele
sem uma gota de sangue sequer

era pra você estar em paz agora
pisando nas nuvens lilás-amora
num sono profundo e tranquilo
deixando, contudo, aquilo

a vida vadia e bêbada
sem que ninguém percebesse
o quanto és vazio por dentro

aquele que mais tentou fazer você sorrir
não passaria de um cadáver em suas mãos
outro cadáver

como daqueles que sonharam tão alto
e acabaram caindo de seus sonhos

eu queria o melhor pra você
e sabia, só eu te escutava
teimei não querendo fazer
mas matando-o tudo acabava

rasgando seu peito no meio
a dor da sua vida eu findava
não fosse eu, tu, um receio
e o amor que a gente se amava

você me conhece de mais
e sabe cada ponto fraco
sabe o pior e o melhor jeito
de me deixar a seus pés

ainda assim
quis ver meu sangue lavar suas mãos
quis ver meu sangue

embora eu te amasse comigo
sozinho seria igual
e não me faltava coragem
nas mãos eu tomei um punhal

é como se eu já estivesse morto
(em uma tentativa frustrada você conseguiu me matar)